sábado, 10 de janeiro de 2009

Tarde de sábado. Seis dias.

Agora falta pouco para finalmente eu poder descansar e parar tudo por pelo menos quinze dias. Parece que tá tudo mais lento agora nas últimas semanas, os dias demoram a passar, as aulas duplas de Física já não são tão animadoras, o sono e o cansaço persistem mesmo depois de eu ter dormido oito horas completas. Mas já estou no fim. Talvez o fim de um longo processo de cursinho e nerdeação, talvez só o fim de mais um semestre de cursinho e o começo de outro mais torturante ainda.
Apesar da total falta de interação com outro mundo que não seja relacionado com as matérias da prova, sempre tem alguma coisa para chegar e te dar um tapa e dizer que tá ali, que não vai deixar você em paz, que o outro lado existe e que por mais que você saiba resolver todos os cálculos complicados não vai resolver nada. Nunca vai poder ficar totalmente absorto em um único objetivo. Sempre tentei definir objetivos, definir prioridades. O fato é que acabo exagerando muitas vezes nas minhas escolhas e na disponibilidade para me dedicar a elas. O que acontece é que coisas e pessoas que são importantes desde sempre acabam ficando em segundo plano. Um grave defeito meu. Não sei se já tinha parado para pensar sobre isso antes, o fato é que só agora me veio aquela vontade de acabar com tudo isso, de fazer alguma coisa diferente do que sempre fiz.
Nada nunca pode ser eterno, constante e imutável. Isso é contra todas as leis que regem o Universo. Então por que essa velha mania de achar que as pessoas serão para sempre em nossas vidas? Eu sei que é a maior vontade de todos, conheço gente que pensa em se matar por causa disso, conheço gente que se culpa por isso, conheço gente que chora por isso... Acho que todo mundo sempre vai se lamentar pelo que passou, vai se lamentar pelas pessoas especiais que já se foram. E o pior é quando elas vão e te deixam marcas tão profundas que não consegue esquecer nunca mais. Pode até mudar o foco, pensar em outra coisa, se apaixonar por outra pessoa, arrumar uma outra melhor amiga, mas é só para deixar a dor guardadinha ali, ela não some. Algumas pessoas vão e te deixam em pedacinhos, mas talvez não seja por maldade. Elas simplesmente têm que seguir a ordem das coisas... Elas precisam mover a grande roda-gigante.

"Ah Deus, que os humanos vão guardando dentro de si tudo e todos que se perdem o tempo todo sem parar, e pode doer, pode doer, eu aviso, mas não deve, não, não deve: te digo que é assim que as coisas são e o fugaz delas é a sua eternidade - não no real, mas na memória de quem lembra, e eu nem sequer entendo o que digo na manhã de domingo e chuva mansa sobre o porto minúsculo-maiúsculo de que falo." (Caio F. Abreu)

E não deve doer... Mas dói, sempre dói. E duvido que exista alguém que não tenha experimentado tal sensação. Duvido que tenha alguém que não tenha chorado uma noite inteira por causa de alguém que se foi. Duvido que alguém já não tenha ido embora sem se perguntar o que aconteceria com o que ficou para trás. Depois de tanta coisa escrita acabo pensando que é de corações quebrados que se fazem as grandes histórias. Posso até parecer um tanto quanto piegas, mas definitivamente as histórias de Hollywood não são as melhores.
Talvez nunca estarei preparada para uma nova partida, talvez eu nunca perceba quando algo novo chegar, talvez eu nunca pare de me lamentar por tudo e todos que se foram... Talvez eu tenha grandes histórias e nem as percebo...

"Depois de todas as tempestades e naufrágios, o que fica de mim em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro." (Caio F. Abreu)

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