domingo, 20 de fevereiro de 2011

Eu vou tirar do dicionário a palavra você.

Cartas, fotos, presentes, arquivos .doc, .txt, .jpg, .png. Todo dia aqueles nomes ecoando na cabeça. Um, dois, três, quatro. Tantas memórias, tantas pessoas, tanta coisa que eu me-apego-e-dói-tanto-esquecer. Blah blah blah blah! É interessante pensar como as coisas mudam, como a gente cresce e esquece. Como aquela dor fica só na caixinha. Oh, não. Eu nunca mais abri nenhuma carta, nunca mais olhei fotos ou abri arquivos. Isso é proibido. Já pensou? Voltar a sentir tudo aquilo de novo. Não, aqui não. Demorou tanto pra sufocar tudo isso, ai... pure mélancolie. Até no sotaque francês forçado. Pois agora não adianta mais. Toda a melancolia, todas as fotos, as cartas, os arquivos... Tudo isso vai pro despacho. Trago arruda, acendo vela, visto roupas brancas, acendo incenso, me concentro, queimo tudo. Invoco Oxum, Ogum, Oxalá, que seja. Queimo tudo. Despacho tudo. Que vá tudo embora, que me deixe em paz e não volte. Não volte mais. Nunca mais.