terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Terça-feira, 1h29.

E só poderia ser em madrugadas como essas que as piores e as melhores coisas saem de mim. Sempre me alimentei de pequenos momentos como esse, a casa escura, a fumaça cobrindo, a luz da tela fazendo meus olhos arderem, a cabeça a mil, vontade de mudar tudo, de sair correndo e encher a cara ou de ligar pra alguém e conversar até amanhecer. Já tive a oportunidade de compartilhar muitas madrugadas assim com pessoas realmente especiais. Foram horas de conversas intelectuais, sentimentais, sexuais, psicopatas... Horas de coisas para compartilhar que só a madrugada consegue revelar, horas de conversas animadas e excitantes, horas de conversas tristes e nostálgicas... Tanta coisa que não aconteceria enquanto existissem luzes acesas. Ela já me disse pra tomar cuidado com o bafo de enxofre da madrugada. E eu realmente tento tomar cuidado com isso, mas às vezes não dá.
E hoje estou aqui online no msn mas sem ninguém pra conversar, sem ninguém pra ligar, sem ninguém... Não sei qual seria o conceito de "sem ninguém". Consigo pensar em algumas pessoas e sentir uma ternura que não dá pra explicar, até consigo me sentir menos sozinha pensando em tais pessoas. Mas elas não estão aqui para me ajudar a suportar o tal bafo de enxofre, daí eu escrevo.
Eu sempre fiz vários blogs mas acabo excluindo depois de um tempo, talvez seja por discuido ou por perder a vontade... Mas em madrugadas como essas um blog pode realmente ser o seu melhor amigo. Sim, eu poderia escrever em um caderno ou em qualquer outro lugar, mas eu gosto dos meus dedos correndo rápidos pelo teclado, gosto de ouvir os barulhos da tecla e de não ter que me preocupar com a letra... Eu nunca consegui manter um diário, nunca consegui encontrar sentido em anotar os acontecimentos de cada dia. Talvez eu tenha dado pouca atenção para muitas coisas especiais que simplesmente acabaram. Se eu tivesse anotado com data e talvez um daqueles papéis de doces grampeados na folha talvez pudesse me recordar melhor de tudo o que aconteceu. Mas eu prefiro me manter longe de tais lembranças, às vezes prefiro afastar todas elas dos meus pensamentos e só seguir vivendo momentos banais... o vazio às vezes ajuda a seguir em frente.
Talvez quando você diz que eu me importo demais sobre como tudo parece ser possa estar certa. Ou talvez eu só tente me importar com o que sinto que não posso perder, talvez eu tente manter o mínimo de atenção ao que me faz bem, ao que me faz acordar sorrindo. Eu não deveria escrever coisas assim em um blog, mas é que eu não sei para quem escrever. Eu sinto como se alguma coisa realmente grande estivesse para acontecer, mas eu não consigo entender o que é. Eu tenho medo de que seja algo que eu não possa controlar, que eu não possa suportar. Tenho medo de ficar em pedacinhos e demorar para recolher e colar todos. Eu tenho medo de que possa acontecer coisas boas e eu não saber como aproveitar, tenho medo de poder te ver sempre e ser mais chata ainda. Tenho medo da possibilidade de sentir mais, de viver mais. Acho que me acostumei tanto com essa pequena rotina, esses pequenos acontecimentos... Eu me acostumei tanto com você que não consigo imaginar uma outra vida da qual você não faça parte.
Eu sei, eu sei que vai dizer que isso é tudo coisa de mulherzinha e que eu sempre exagero em tudo, sempre faço drama... mas entenda, baby... entenda... é madrugada. Eu sei que talvez nada seja da proporção que eu imagino, eu sei que não é assim que você se expressa, eu sei... Eu sei de quase tudo o que pode dizer, só não sei é o que eu posso sentir com isso.
O problema de estar aqui é que agora eu já não consigo apagar mais nada e vai tudo saindo assim, se eu não clicar no botão para publicar não vou conseguir dormir, não vou parar de pensar em tudo isso até amanhã, até o nível de álcool ficar tão alto que vou começar a achar tudo a maior besteira que eu poderia ter dito. Talvez eu nem precise de álcool, amanhã nem vou sentir mais nada assim.
Que porcaria de blog. Que droga de dramalhão da madrugada. Boas noites.

3 comentários:

Nanny disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nanny disse...

Com certeza a postagem não foi dedicada e nem pensada em mim,mas foi impossível ler sobre as madrugadas e não lembrar de quando tentavamos ver o dia amanhecer.Lembra? Era tão bom ouvir música,fazer gororoba pra comer e assistir aqueles filmes de terror que só você conseguia indicar...Eu falo disso e parece que foi a dez anos atrás.Eu sinto muito mesmo sua falta.Acabou acontecendo o que eu sempre disse,por minha culpa e pelo tempo,acabamos nos afastando e eu sinto mesmo o peso de tudo isso me esmagando agora,as coisas que não foram ditas e que eu queria mesmo ter dito ao longo desse ano.
Eu te amo,cara.Amo mesmo...Não duvide da veracidade do meu sentimento.Eu tô com saudade daquele seu olhar de criança.

Unknown disse...

entenda, nas madrugadas tudo muda....

ótimo texto!