domingo, 1 de março de 2009

28/02/09

Em mais uma noite bêbada de sábado aqueles velhos pensamentos voltam a me atormentar. Eu poderia escrever uma crônica se a minha criatividade ajudasse, poderia escrever um conto se minha sensibilidade fosse suficiente. Mas fico aqui com essa escrita seca e crua só para fazer a noite passar e o sono chegar. Estava pensando em como as coisas podem mudar em pouco tempo, poderia dizer que estou fazendo a velha lista do Oswaldo. É impressionante como tanta coisa que antes era essencial agora já nem faz mais tanta diferença. Impressionante como quando era mais nova tinha tanta coisa que era capaz de me fazer ficar o dia todo na cama, a semana toda mal humorada, ter aquela vontade de matar todo mundo da escola, aquela depressão de sangue e dor, tanta coisa que me fazia sofrer, que me fazia sentir como se meu mundo fosse acabar em pouco tempo. E as pessoas? Ah! Era tanta gente que eu jurava que não conseguiria viver sem, tanta gente pra quem eu jurei amor eterno, tanta gente que me jurou amor eterno, tanta gente... Agora as gentes cresceram, estão trabalhando, namorando, casando, tendo filhos, construindo casas e mais um milhão de coisas que gente normal faz. Agora eu olho para tudo com certa indiferença, tento não deixar que tanta coisa influencie no meu cotidiano, afinal tenho mais um milhão de problemas para resolver. E aquelas pessoas ainda têm um lugar aqui, aquelas pessoas deixaram saudade, mas eu já não consigo manter qualquer comunicação decente. Talvez a gente vai crescendo e aquela paixão vai acabando, talvez os interesses mudem, talvez aquilo tudo não passou de uma fase louca e estranha ou então cada vez mais me torno distante e indiferente a todos os acontecimentos que me cercam. Talvez eu só não me importe mais. Apesar de jurar que vou terminar meus dias sozinha, bebendo em noites de sábado para conseguir dormir, rejeitando qualquer convite para suposta diversão vaga em lugares estranhos, fumando cada vez mais, a roupa cheia de pêlos de qualquer animal que consiga me suportar, o rosto marcado pelo tempo, aquela cara de sapata acabada, aquele vazio que só aumenta... Apesar de jurar que isso tudo vai ser verdade daqui uns anos, eu tenho um medo, sabe? Medo de acabar sozinha com todos os meus livros, músicas, quadros, animais, bebidas e cigarros. Medo de não fazer o que dizem que é significativo. Medo de não alcançar a tal da felicidade que eu me recuso acreditar. Não, agora não. Talvez eu ainda tenha alguma paixão para lutar contra ideais fabricados, lutar para provar que posso saber muito mais do que aqueles assuntos sobre quem-comeu-quem ou quem-foi-a-última-besha-a-se-assumir, você não ficou sabendo, menina? Pois é, sempre soube que era uma enrustida. Ahhh! Não, essas coisas são complementos! Não que eu seja a nerd chata que só sabe falar sobre os últimos avanços tecnológicos ou sobre como foi difícil terminar aquela programação, mas acho que é tudo MUITO MAIOR do que esse pequeno espaço em que tentam se limitar, em que tentam ME limitar. Não, eu não quero parecer arrogante aqui, é só o que eu venho sentindo nos últimos tempos, o que eu venho percebendo. Parece que ninguém mais se interessa por nada que ultrapasse o seu pequeno cotidiano, parece que ninguém mais consegue olhar além do seu umbigo. Ah, tudo bem. Agora pode me dizer que eu sou exatamente assim e provo tudo escrevendo isso aqui. Não me importo, pelo menos eu finjo que consigo ver além, pelo menos eu finjo que consigo falar sobre coisas variadas, pelo menos eu finjo que sou interessante (apesar da farsa acabar em duas horas), apesar de me sentir o ser mais ridículo de toda a Terra, apesar de meus olhos já estarem ardendo porque passei da conta do teor alcoólico suportado e só consigo digitar no Word porque ele me corrige, apesar de ser decadente e... Aaaahhh!

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